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As pontes vivas de Meghalaya.

Como foram criadas as pontes vivas de Meghalaya.

Meghalaya é uma região da India, que fica à Nordeste do país e ao Norte de Bangladesh. Uma região de clima quente e úmido ao extremo em que localidades disputam o titulo de Local Mais Chuvoso do Mundo.
A peculiaridade de ser uma terra de muita precipitação pluviométrica e ter uma topologia de montanhas a perder de vista, cobertas por uma floresta cerrada, faz desta zona do planeta um local de difícil trânsito.
Os seus habitantes, impedidos desde tempos imemoriais de facilidades de locomoção, pois todas as estruturas que construíam para os ajudar a transpor as torrentes violentas desapareciam a cada monção, encontraram um modo genial de construir acessos que resistissem às intempéries.
Cansados de ver as copiosas correntes de água dos rios de montanha arrastarem e destruírem suas pontes e acessos, projetaram uma solução ecológica e revolucionária para resistir à violência das águas. Criaram as pontes vivas de Meghalaya.
Os khasi, povo que habita o local, perceberam então que existia uma árvore, a ficus elastica, por nós aqui no Brasil conhecida como falsa seringueira, cujas raízes eram capazes de aguentar a fúria das águas dos rios que arrastam até mesmo pedras enormes durante o período de chuvas.
Assim, começaram a plantar o vegetal em pontos estratégicos e a orientar suas raízes e ramos em direção à margem oposta, aproveitando a característica desta planta, a qual tende a desenvolver raízes aéreas que ao encontrarem o solo se transformam em troncos auxiliares, para que com este alinhamento a raízes jovens cresçam e a sua união formem pontes.
A se notar que cada uma destas pontes leva de vinte a trinta anos até estar definitivamente sólida a ponto de aguentar o peso de muitas pessoas ao mesmo tempo. A duração de vida destas pontes é de centena de anos e, o passar do tempo, só as torna mais forte, ao contrário das pontes de pedra e cimento.
Mas, não é somente este o fato notável. Mais do que tudo fica ressaltada a noção de construção continuada do futuro que se materializa através da produção coletiva de pontes vivas e fortes.
Com cada qual fazendo o que está dentro de suas possibilidades o coletivo usufrui do resultado.
A cada ação individual, mesmo que na pequena orientação de uma ou duas jovens raízes a cada passada pelas pontes, sem a necessidade da criação de uma agência governamental para esta finalidade, mais ainda, sem cobrança condicionante de realização se e quando os outros habitantes também o fizerem e sem o individualismo imediatista do usufruto próprio, as pontes continuam a ser produzidas e melhoradas para o uso coletivo.
Uma bela e edificante – em todos os sentidos – lição para os povos de todo o mundo. É possível a construção coletiva do futuro, quando cada um faz a sua parte.

Meghalaya e suas pontes vivas.

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