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Volta da fome em 2021.

Fome de volta em 2021

Recente publicação que o professor de sociologia, cientista político, filósofo e escritor Emir Sader fez em uma rede social, sobre a volta da fome em 2021 nos inspira a fazermos uma reflexão profunda sobre comportamento.

Vamos deixar ao final o que foi escrito por ele. Se quiserem ver com antecedência, vejam lá abaixo e depois retornem para continuarmos a nossa conversa.

A proposta

Vamos fazer a seguinte suposição: admitamos a existência de um zoológico. Deixando bem claro que este é apenas um local imaginário, sem juízo de valor sobre a necessidade ou não de um local assim, não é este o ponto central do que está proposto como cenário desta hipotética história.

Então, de volta à proposta, imagine que este lugar tenha um viveiro para primatas. Imaginem qualquer grupo primata não humano habitando nesse viveiro.

Como estamos imaginando, vamos em frente e admitamos que, para a sobrevivência dos animais, alimentos devem ser fornecidos e em número e volume tal que garantam a sobrevivência digna dos mesmos.

Daí, ainda como exercício de imaginação, passado algum tempo, as pessoas começam a notar que apesar do fornecimento constante de alimentos e água em quantidade suficiente para a manutenção de todo o grupo, alguns dos componentes começam a apresentar sinais de desnutrição profunda, principalmente no que diz respeito ao aspecto físico, com perda de massa muscular, e no aspecto comportamental, com apatia generalizada, algo bastante incomum para primatas, enquanto que o grupo começa a apresentar um anormal estado de beligerância.

Os responsáveis pelo local devem então fazer uma investigação aprofundada sobre a causa desse fenômeno incomum no reino animal, já que não há falta de alimentos que justifique que vários componentes do grupo estejam apresentando sinais de falta de alimentação. Este fenômeno, aliás, não é apresentado simultaneamente por todos do grupo. Alguns, poucos, apresentam-se na plenitude de seu vigor, com sinais evidentes de uma vida bem confortável, pelo menos no que diz respeito à alimentação.

A acurada observação revela então uma inesperada condição, que não tem correspondência na vida natural desses animais. Um pequeno grupo de cerca de 1% desses indivíduos, nesta história fictícia, reuniu-se e resolveu acumular toda a alimentação fornecida num canto protegido do viveiro, que vira alvo constante de ataque dos demais, os quais conseguem subtrair uma quantidade apenas suficiente para que uma parte dos restantes se mantenham um pouco alimentados, enquanto que a maioria se alimenta das sobras destes, explicando o observado anteriormente, ou seja, desnutrição, fome e estado de conflito grupal, causados pela hipossuficiência alimentar.

Talvez – e só talvez – esta pequena história, baseada em Emir Sader, seja uma analogia entre comportamento de primatas em condições naturais e artificiais. Fica por conta dos leitores imaginar a solução do problema, seja ele real ou ficcional.

A publicação de Emir Sader

“Se um macaco acumulasse mais bananas do que pudesse comer, enquanto os outros macacos morressem de fome, os cientistas estudariam aquele macaco para descobrir o que diabos estaria acontecendo com ele. Quando os humanos fazem isso, nós os colocamos na capa da Forbes”

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