O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, direcionou R$ 1,4 milhão do orçamento secreto para a obra de um mirante turístico vizinho a um terreno onde construirá um condomínio privado em Monte das Gameleiras, no Rio Grande do Norte.
A atração fica a cerca de 300 metros da propriedade do ministro, informam Felipe Frazão e Breno Pires. O investimento, bancado com verbas do Ministério do Turismo, tende a valorizar o novo negócio particular de Marinho, um condomínio de 100 casas numa área de seis hectares em sociedade com Francisco Soares de Lima Júnior, seu assessor no ministério. O empreendimento foi batizado de Condomínio Clube do Vinho.
Em audiência na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos da Câmara em 8 de junho, Marinho negou a autoria dos pedidos. O Estadão, entretanto, obteve por meio da Lei de Acesso à Informação duas planilhas do Ministério do Turismo que o confirmam como “autor” e “agente político” da indicação dos recursos.
Empresa foi aberta após posse
Rogério Marinho abriu numa casa em Natal a empresa responsável pelo empreendimento em Monte das Gameleiras, em junho de 2020, quatro meses depois de assumir o Ministério do Desenvolvimento Regional.
Quatro meses após assumir o Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho abriu, em junho de 2020, a empresa Gameleira Vida Empreendimentos Imobiliários SPE, com sede numa casa no bairro Lagoa Nova, em Natal. Dos R$ 300 mil de capital social, 94% são dele, que registrou como sócios minoritários a irmã Valéria Marinho e o assessor Francisco Soares de Lima Júnior, que ele nomeara em abril para trabalhar no ministério. É essa firma de Marinho que detém o empreendimento em Monte das Gameleiras, cidade que será beneficiada com a construção de um mirante financiado com verba do orçamento secreto a pedido do ministro.
O sócio e assessor de Marinho é, ao mesmo tempo, diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano e conselheiro da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Ele recebe um total de R$ 17,2 mil mensais do governo federal, sendo R$ 13,6 mil pela função comissionada e outros R$ 3,5 mil em jetons. Francisco Soares é um nome pouco conhecido em Brasília, mas de longa carreira nos bastidores da política no Rio Grande do Norte. Ele trabalhou em uma série de cargos comissionados no Estado e em prefeituras. (Fonte: O ESTADO DE S. PAULO)