Recentes notícias nos dão conta de que o provável partido denominado União Brasil – provável porque ainda precisará do aval da Justiça Eleitoral – deverá focar no “investimento” em eleições proporcionais de deputados federais, principalmente, deixando para segundo plano as eleições majoritárias, como a presidencial, a qual nem fará indicação própria, ou as de governadores, às quais indicará apenas uns poucos.
Partido com 1 bilhão de reais foca em eleições parlamentares.
Revista Exame – 23/12/2021
É preciso deixar claro que este montante de dinheiro é oriundo dos recursos públicos advindos do que foi aprovado recentemente pelo Congresso para rechear os cofres dos fundos eleitoral e partidário.
Esta estratégia do União Brasil é eminentemente pragmática e leva em conta quem, na verdade, governa e manda no país.
Enquanto os meios de comunicação, todos eles por sinal, inclusive os meios mais modernos como os sociais, pautam a forma com que a opinião pública enxerga a política, fulanizando o poder, fazendo com que nos preocupemos com quem será o novo presidente, ou governador, a população em geral deixa de dar a devida importância aos grupos que realmente administram e escolhem os caminhos que todos irão percorrer nos futuros, tanto próximo quanto a longo prazo.
Sem contar a divisão orçamentária e em favor de quem esta se dará, reservando para os mesmo de sempre a porção estratosfericamente maior.
Um redivivo e constante sebastianismo, faz com que a população acredite piamente que uma pessoa conseguirá vestir a capa do super herói e surgirá para conduzir a nação no rumo da paz e prosperidade sonhada, coisa só possível na ficção.
Para piorar – e quase sempre isso ocorre – a figura “escolhida” para representar essa ansiedade passa a acreditar na ficção, veste a capa da arrogância e começa a agir como se o personagem existisse realmente. Perdendo a humildade e sendo incensado pelo constante assédio ao famoso de plantão julga passar a ter poderes divinos e esquece sua condição de ser transitório.
A dura realidade é que esta é sempre construída do esforço, ou mesmo da indiferença, da totalidade dos indivíduos.
Analisando friamente podemos ver que o chamado regime presidencialista brasileiro vive, na verdade, um sistema em que a teoria na prática é outra, onde esta contradiz aquela, principalmente pela existência da excrescência das chamadas “emendas parlamentares”.
Na teoria, emendas parlamentares são recursos do orçamento público legalmente indicados pelos membros do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas estaduais para finalidades públicas, geralmente relacionada ao interesse temático e eleitoral de cada parlamentar. Na prática se transforma em: “olha, eu voto a favor (ainda que contrariamente à ideologia que me levou ao cargo) desde que eu seja contemplado”. É assim que funciona. Puro interesse eleitoral momentâneo, numa escancarada compra e venda de votos. Sem contar com, digamos, possíveis desvios de finalidade, se é que me entendem.
Então, voltando ao início, esta estratégia do DEM/PSL escancara que independente de quem for a pessoa eleita para o cargo de presidente, será sempre refém das forças não tão ocultas do parlamento. Pior, refém de forças solidárias nos acertos, tanto quanto dissociadas em eventuais erros governamentais.
No regime parlamentarista, ao menos, todos os que fazem parte da coalizão governamental, são responsáveis pelos erros e acertos das medidas tomadas e, no caso de fracasso, todo o governo é substituído, cargos inclusive. Aqui é que mora a diferença.
Os partidos políticos, principalmente aqueles compromissados com a elevação da consciência política, deveriam dar uma atenção maior à difusão dos seus ideários fundadores, base de sua atuação, em detrimento do personalismo reinante e demonstrar o quanto é necessária a identidade ideológica dos que se propõem a representar o partido nos parlamentos.
Ficaria muito mais barato e dispensaria esse gasto em nível astronômico, já que ficaria claro o que cada partido defende e o que esperar de seus representantes.
É preciso que o debate político se dê infinitamente mais no campo da ideias do que em discussões sobre pessoas.
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7 comentários em “Sobre as eleições que se aproximam em 2022.”
A análise de mestre Ezildo traz a luz necessária ao entendimento do cenário político nacional e o quanto é necessário que os partidos se dedicassem a difundir e explicitar a imensa importância do voto consciente em relação às câmaras legislativas nas 3 esferas de poder…
Enquanto o foco maior for jogado sobre o “sindico” de plantão, não haveremos de conseguir conquistar os avanços que são necessários…é fundamental que consigamos enxergar a urgente e necessária mudança no Congresso Nacional…parabéns mestre!
Muito boa análise concordo plenamente, esse fundo eleitoral milionário as custas do povo brasileiro, bem como as emendas parlamentares são um escárnio.
Esse tal partido união, só quer cadeiras no congresso, o que está virando uma tendência nacional infelizmente, e a criação de mais um para o centrão.
Ainda bem que temos companheiros que
ainda acreditam, em um país mais social, igualitário e fraterno.
Viva nosso socialismo.
A atual situação política do Brasil leva a essa banca de apostas, vê-se que não há compromisso com a nação e sim apenas com interesses pessoais e mesquinhos.
São sempre os de bastidores que vedem,e caro, seu apoio ao governo de plantão. Lamentável.
Análise perfeita e lúcida! Parabéns!
O povo brasileiro foi acostumado a discutir sobre nomes de candidatos, mas não discute sobre programas e projetos políticos, passando diretamente sobre o quê cada partido político defende nos mais diversos campos de atuação de um governo.
Parabéns Luiz Ezildo pela matéria.
Os interesses são muito mais que Nacionais, temos a geopolítica e o contexto do Brasil no Mundo.
Temos que fazer uma analise do momento atual e dos que se dizem aliados do Brasil, cuidado é pouco e 2022 vamos presenciar uma coisa que nunca na história de nosso País foi vista.
O PSB Nacional, Estadual e Municipal já cometeu alguns erros em receber traidores em suas fileiras, vamos refletir e aprofundar sobre as Federações partidárias aqui no Brasil. Temos alguns exemplos aqui na América do Sul, mais Brasil é diferente de tudo na politica.
Obrigado pelo seu texto e vamos continuar a Luta.
Caro Ezildo, pena que eu não tenha a pureza da sua percepção política e também não mais o seu otimismo, necessário para mudar o sistema, corrompido desde 1500.
Nenhum ser político (que seja filiado a um partido, evidente) ou qualquer partido luta contra o nosso atual sistema sob pena de cometer suicídio político.
A necessidade de nomear um blog afirmando que o grupo dentro do Partido Socialista Brasileiro é Autêntico, denuncia a gravidade do momento que estamos vivendo. O grupo maior, e que comanda o partido é, exatamente, o falso?
Com 33 partidos registrados, parte substancial é de fachada. Quantos deles mantém em seu estatuto a prerrogativa de defender ideias socializantes? Com um bilhão na mão? Para quem cara pálida?
Noticias novas indicam que mesmo aprovando um valor doentio para suas campanhas (RETIRADO DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE!!!), existe um grupelho político (só tem isso lá) que entende a necessidade da aplicação da LDO, ou seja, buscam mais R$ 800 milhões de forma a elevar o valor aos R$ 5,7 bilhões originais.
O seu artigo está excelente, mas primeiro teremos que fazer uma reforma politica, depois uma jurídica, depois uma tributaria, ENXUGAR A CONSTITUIÇÃO, etc., etc, etc..
O que mais dói, nesta idade, é que, para começar tudo isso, teremos que partir do seu grupo.
Li Dom Quixote na infância, acho que vou reler e ver se enxergo onde me desviei.