O que a decisão do PSol, em permitir que filiados aceitem cargos no governo eleito de Lula, pode ensinar sobre boas práticas políticas?
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PSOL decide compor com Lula no Congresso e filiados podem aceitar cargos.
Em governo presidencialista de coalizão, como é presente no sistema atual no Brasil, é normal e até natural que o governante eleito busque nas siglas que o apoiaram e, ao final do processo, também entre aquelas que não o apoiaram durante as eleições, quadros políticos que assegurem um governo sem percalços e sem entreveros entre o Executivo e o Legislativo, de forma a contemplar todo o espectro político da sociedade a ser governada.
Desta forma são destinados cargos nos primeiro, segundo e terceiro escalões do governos para indicações que visem contemplar interesses partidários e pessoais dos vários agentes políticos.
Aqui é que realmente mora o perigo. A tênue linha entre o interesse público e o particular e, muito além disso, a forma com que isso se materializa pode – e em não raras vezes acontece – se tornar apenas uma escancarada tradução corrompida da máxima “é dando que se recebe”.
O que fez o PSol parece ser fruto de um intenso debate político, que resultou em contemplar as diversas correntes políticas internas, sem perder a essência ideológica do partido.
Ao liberar filiados para aceitar cargos no governo, desde que não façam parte da direção da legenda – e se nesta condições estiverem, obrigatoriamente terão que se licenciar – faz com que o partido fique liberado para, mesmo compondo a base de apoio parlamentar no Congresso, orientar votações que atendam especificamente sua posição ideológica, sem com isso ficar refém de intimidações do governo com exonerações, já que os cargos foram preenchidos por vontade exclusiva do governante.
Esta parece ser, portanto, uma decisão absolutamente madura e republicana, que merece aplausos e vai na direção das boas práticas políticas, além de servirem como exemplo a ser trilhado pelas outras agremiações partidárias que tenham o interesse coletivo como objetivo.